Asma Brônquica Como utilizar o spray-dosimetrado de forma correta Em 1956 Maison, consultor médico no Riker Laboratory (hoje 3M Pharmaceuticals), desenvolveu um dispositivo conhecido como spray- dosificador, que veio facilitar o manejo da asma. Trata-se de uma pequena lata pressurizada (foto), que contém a medicação em solução ou mais freqüentemente, em suspensão, num propelente líquido. Um ou mais surfactantes podem estar presentes para ajudar a manter o fármaco em suspensão na mistura e ajudar a lubrificar a válvula unidirecional, medidora de dose, capaz de livrar a mesma quantidade de broncodilatador por jato. A mistura de propelentes é volátil a temperatura ambiente, o que proporciona uma pressão ejetora quando a válvula é aberta. Os propelentes mais utilizados até agora eram os clorofluorocarbonados (CFCs), incluindo o triclorofluormetano (CFC 11), diclorodifluormetano (CFC 12) e diclorotetrafluoretano (CFC 114). Ao nível do mar, os CFCs são moléculas estáveis, e quimicamente não são reativos ou tóxicos aos seres humanos. Quando liberados os CFCs sobem na atmosfera, alcançando a estratosfera inferior dentro de 6 a 24 meses, quando eventualmente são degradados pelo sol liberando cloro. O cloro é uma molécula altamente reativa que pode destruir o ozônio, que age como uma manta protetora entre a superfície da terra e a radiação solar ultravioleta (UV). Apesar da contribuição estimada de menos de 1% à depleção de ozônio, o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Depletam a Camada de Ozônio (1987) determinou a descontinuação de tais compostos. Surgiram então estudos com outros propelentes alternativos sem cloro – os hidrofluoralcanos (HFA) ou hidrofluorcarbonos (HFC). Quando o spray é utilizado de forma correta, somente 2 a 10% depositam-se nos pulmões. O restante é deglutido e absorvido pelo tubo gastrintestinal e inativado pela passagem pelo fígado. Se o dispositivo for mal utilizado o depósito nos brônquios pode ser ínfimo. Os principais erros na manipulação do spray são: 1 Inspiração insuficiente. 2 Má sincronização mão/boca (a pressão sobre a latinha não é efetuada no início da inspiração). 3 Curto tempo de apnéia, imediatamente após a inspiração. Nos pacientes com inspiração insuficiente ou com má sincronização na inalação, existe uma forma para minimizar estas dificuldades, que é a utilização de uma câmara de inalação, também conhecida como espaçador. O espaçador é um reservatório que estoca o medicamento nebulizado, reduzindo o número de partículas de 10 µm que chegam até a boca . Partículas de 1 a 5 µm são as ideais, depositando-se nas pequenas vias aéreas cumprindo seu papel terapêutico. A eficiência do espaçador depende do tamanho, volume, da presença de baixa carga eletrostática, de sua forma e também da boa utilização. O volume médio é de 750 ml. O spray-dosificador encaixa-se em uma de suas extremidades. Na outra, encontra-se o bocal, onde existe uma válvula unidirecional, pela qual o paciente inala. Após a introdução de um a cinco jatos do spray em seu interior, o paciente inspira com ciclos respiratórios profundos. A inalação através do espaçador deve ser feita imediatamente, pois a meia-vida da droga liberada pelo spray, na câmara do espaçador, é menor que 10 segundos. Outro aspecto técnico para o uso do espaçador de grande volume é a abolição do efeito de inércia do aerossol. Espaçadores de pequeno volume reduzem também a velocidade das partículas inaladas, porém são menos eficazes em aumentar a fração que chega aos pulmões. A válvula unidirecional permite que o paciente inale o conteúdo da câmara e exale por orifícios laterais, impedindo a reinspiração. Uma parte do medicamento se deposita nas paredes do espaçador, geralmente aquelas partículas maiores. Os espaçadores desenvolvem uma carga eletrostática que reduz consideravelmente a quantidade de droga disponível para o paciente. Os modelos mais recentes são fabricados com material que não apresenta carga eletrostática. Para reduzir este problema com os espaçadores de plástico e para aumentar a sua eficiência, eles devem ser lavados com detergentes, sendo a sua secagem somente por escoamento do líquido da lavagem, sem utilizar toalhas de tecido ou papel. Etapas para a correta utilização do Spray-dosificador Selecionar uma das três formas de uso do spray - A ou B são as melhores, porém a C pode ser utilizada caso haja dificuldades com A ou B. Preparando-se para o uso 1 Retirar a tampa do bocal; 2 Agitar vigorosamente; 3 Segurar o spray de acordo com A, B ou C, conforme as instruções do médico assistente. Inspirar lentamente 1 Expirar até o final do volume corrente (final de uma expiração normal); 2 Iniciar a inspiração lentamente pela boca. Pressionar o spray uma vez. (Se utilizar o espaçador, pressionar o spray. Após 2 a 3 segundos, comece e inspirar lentamente); 3 Continuar inspirando lentamente, tão profundamente possa. Prender a respiração 1 Prender a respiração por 10 segundos, se possível; 2 Quando da inalação de ß2-agonistas de curta duração de ação, aguardar cerca de 1 minuto até livrar a nova dose. No caso de outros medicamentos, como corticóides e cromonas, não há necessidade de intervalo interdoses. |